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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

QUE TORCIDA É ESSA?

O jornalista Xico Sá, da Folha de São Paulo, publicou na sua coluna desta sexta-feira um belo texto falando sobre a paixão da torcida do Mais Querido. Confira:

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, fui conferir entre a massa coral, nas arquibancadas do Mundão do Arruda, o maior fenômeno de fidelidade de uma torcida, algo que só encontra correspondência histórica na devoção corintiana na estiagem de títulos que durou até a safra 1977.
Estamos tratando, meu chapa, de um time que enfrenta, no subsolo da quarta divisão do futebol, martírio digno dos chilenos presos na mina de cobre. Série D, de dantesco, você sabe lá o que é isso?! Você acha que a galera de outras equipes tradicionais aguentaria esse baque?
A do Palmeiras, do Grêmio e do Corinthians viveram experiências na B e passaram com orgulho no teste, embora sem o comparecimento
equivalente aos fãs do Santinha, como os devotos chamam carinhosamente o clube.
O Fluminense desceu à terceira e a torcida esteve presente, mas nem pensar em chegar aos pés do tricolor do Recife, que, até o final de semana, mantinha a maior média de público de todas as divisões do Brasileiro -30.238 torcedores.
Aos números e recordes, porém, este cronista já andava habituado. Tocante é testemunhar as manifestações da romaria de 50 mil fãs no Arruda, como no último domingo.
Se o Corinthians é uma torcida que tem um time e não um time que possui uma torcida, como se diz em São Paulo, o Santa Cruz é uma massa que nem precisa de time. E naquela tarde, o abusado Guarany de Sobral (CE), o Cacique do Vale, parecia jogar sozinho mesmo: 0 a 2, com inacreditáveis dois gols contra do mesmo zagueiro, Leandro. Coisas que só ocorrem hoje em dia com o tricolor pernambucano. Nem o Botafogo é vítima de infortúnio do gênero.
"Não faz isso comigo não, meu Santinha", rogava o camelô Geraldo Ferreira, 60, que via o jogo ao meu lado. Aquele homem negro chorava livre de todas as cerimônias, aos soluços, como quem acaba de receber o aviso de uma fatalidade na família.
Seu Ferreira choraria do mesmo jeito ao final, de joelhos aos pés de Margarete, sua mulher, mas agora feliz com a virada: um heróico 4 a 3. "Se tem duas coisas que amo na vida é minha "nega veia" e o Santinha", confessou.
Com ela, amor recíproco e de 30 anos. Com o time do peito. Um amor mal correspondido, como costumam ser os amores mais perversos. No divã, receberia, fácil, fácil, o atestado de masoquista, mas nada disso importa, afinal, meio amor não é amor, como diria o tio Nelson.
Xico Sá
Texto mandado para o Orkut do Noticia na Mira( http://www.orkut.com.br/Main#Scrapbook?rl=ms ) pelo meu amigo irmão Bruno Amaral , torcedor do Santa Cruz Futebol clube.

Um comentário:

  1. paulo carioca20/12/10

    bela materia, so quem vive o q e o futebol de pernambuco sabe o q e essa paixao. quem axa q bavi, grenal, fla x vasco, palmeiras x corinthians, galo x cruzeiro sao os grandes classicos do brasil, vão ao recife em uma semana q anteceda a um santa x sport, sintam o clima... o assunto predomina na cidade e nas capas de jornal durante td semana. msm q exploda a 3ª guerra mundial, mesmo um colapso na economia mundial, nd disso tiraria o classico das capas dos principais jornais da cidade. ate pq pra esse povo inacreditavelmente apaixonado por seus times do q importa tais noticias se no proximo domingo tem classico? e o maior fanatismo q ja vi. xega a ser irritante, porem, tb admiravel, ver a identificação desses torcedores c os clubes locais, incluido-se tb o nautico c torcida bem menor q a dos seus adversarios porem nao menos apaixonada. enquanto flamengo e corinthians invadem c td força estados trradicionais cm bahia, ceara e os demais nordestinos, em pernambuco se vc perguntar a um criança se conhecem flamengo ou corinthians boa parte delas vao te responder: o q e isso, tio?

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