Acompanhem o bate-papo e tire as suas próprias dúvidas de como será implantado o novo sistema de trabalho da arbitragem brasileira.
NM - Os quintetos (árbitro, assistentes e adicionais) serão fixos? Serão todos do mesmo estado? Ou poderão ser de estados diferentes?
SC- De 30 de junho a 2 de junho, a CA, o DA e a ENAF estará reunida na Sede "José Maria Marin" para fechar todos os detalhes do projeto.
Preliminarmente, o projeto é o de ter equipes especiais de arbitragem composta por um árbitro e quatro assistentes (revezamento), que podem ser ou não do mesmo estado. Nada engessado, mesmo porque qualidade não tem origem.
Nova sede da CBF "José Maria Marin" |
Quanto ao Adicional, o de nº 1, que assume a função principal em qualquer eventualidade, a escolha recairá sobre um árbitro experiente (pode ser FIFA, ESP, ASP ou CBF-1). o de nº 2, serão utilizados árbitros intermediários ou promissores.
O quarto árbitro, como regra geral, será local, mas em jogos de elevada dificuldade e grandes decisões, utilizaremos de outro estado e igualmente experiente.
Designaremos Instrutores da ENAF, que realizaram curso Futuro III no exterior para atuar como Delegados Especiais e Tutores.
Também serão aproveitados os instrutores que realizaram o curso em Campos do Jordão e outros de reconhecida capacidade para as funções.
Adotaremos o regime de concentração, com as equipes de arbitragem chegando no dia anterior a partida até as 14h. O Delegado Especial deverá chegar e ficar no mesmo hotel.
Na RT, toda equipe de arbitragem receberá informações táticas, histórico das equipes, jogadores, treinadores, dados estatísticos, etc e apresentação de videos com a circular 010 etc.
NM - Quando serão definidos estes quintetos e os árbitros podem escolher com quem querem trabalhar?
Dra. Marta Magalhães |
Importante destacar que não é pensamento formar equipes de AMIGOS ou de FEDERAÇÕES ESPECIFICAS, mas equipes de arbitragem, cujos integrantes tenham elevado grau de acerto com base nas últimas 3 temporadas, haja visto que temos todos os dados do período.
Reiteramos que o objetivo é o trabalho em equipe, o comprometimento, e a busca pela qualidade.É possível e já comprovamos em nossa primeira passagem que existem árbitros e assistentes de gabarito na grande maioria dos estados.
Vamos procurar prestigiar e levar em consideração os estados que estão focados na melhoria da qualidade de sua arbitragem, estão organizadas (com escolas de formação de árbitros devidamente instalada, instrutores técnicos e físicos atualizados e avaliados, bem como os árbitros venham tendo atuações regulares, etc.
A CA irá premiar os árbitros comprometidos com o trabalho, que estejam cumprindo as recomendações, não aqueles que adoram exposições desnecessárias, os que procuram as entrevistas, atuam pensando nas escalas seguintes, os que estão mais preocupados em marketing, através de redes sociais, enfim, não queremos os do mi-mi-mi, mas os que amam o que fazem e não os que apenas gostam....
Sabe qual a diferença de amar e gostar? O que ama se empenha (trabalha) ao máximo, sem medir dificuldades. Já o que gosta, ao contrário, detesta o trabalho e busca outros caminhos, aquele que, na menor dificuldade, se abatem. A CBF quer os guerreiros do apito! Os que não aceitam treinadores e jogadores indisciplinados para fazer média; os que marcam faltinhas desnecessárias, padronizam acréscimos, etc.
Obs.: Em relação aos Adicionais, se fixarmos eles não terão oportunidade de atuar e isto não vai ocorrer. A CA, dentro do possível, vai compor as equipes, sem esquecer o plano de carreira implantado em 2008, com as categorias de árbitros e toda estrutura arbitral atual.
NM- Serão somente na Série A?
SC- Faremos isto nas Séries A e B, na C, observando a logística. J, na D, vamos aproveitar os novos, preferencialmente até 33 anos. Aqui colocaremos tutores para a busca de promissores que demonstrando potencial poderão atuar nas Séries C, B e até na A desta temporada. Como disse acima, hoje temos dados desde 2008, conhecemos todas as Federações, Comissões e, claro, os Oficiais de Arbitragem.
NM- E quando um errar, todos irão pagar pelo erro sendo afastados?
SC- O equivoco será analisado como vem sendo. Levantamos todas as situações e constatarmos a falta do trabalho de equipe, sem dúvida alguma. Agora, o equivoco individual, a primeira medida será afastar para os treinamentos com os instrutores.
Estamos preparando um relatório para levantamento de vários detalhes, tais como: horários de chegada no hotel, estádio, comportamento dentro e fora das quatro linhas, engajamento no processo, cuidado com a documentação da partida, cumprimento das regras do jogo, etc.
O objetivo principal é o de formar equipes de trabalho, na busca pelo melhor resultado. As desculpas que recebemos hoje de que estão conhecendo os companheiros no vestiário não será admitido. Chegou a hora de separar os comprometidos dos que nada querem, a não ser, escala pela escala.
Aproveitaremos instrutores de folga na rodada para que façam uma análise do trabalho dos árbitros em todas as partidas transmitidas. De sua casa fará o relatório da partida sob outro ponto de vista e irão informar a CA imediatamente dos problemas ocorridos e separar situações de jogo para correção imediata, se for o caso.
Em resumo, a arbitragem será observada triplamente (no campo, na TV e, claro, pela CA).
Para isto, estamos finalizando com o gerente de TI, Fernando Franca, a implantação de vídeos, via portal dos árbitros. Situações ocorridas nas partidas serão disponibilizados via portal, com as devidas decisões sob a ótica das regras do futebol, advindas dos instrutores da extirpe FIFA: Antônio Pereira, Wilson Seneme, Ednilson Corona, Milton Otaviano, Ana Paula, Silvia Regina, Manoel Serapião, Alicio Pena, Erich Bandeira, de outros grandes instrutores como: Roberto Perassi, Sérgio Cristiano, José Mocellin, Márcio Verri, Fernando Castro, José Alexandre, Gerson Baluta, etc... com objetivo de evitar, por exemplo, o que ocorreu em uma partida da Copa do Brasil e outra na Série A, em que dois árbitros deixaram de aplicar CV para jogadores em oportunidades claras de gol. O critério de ambos foi uniforme, mas equivocado. Se houver repetição em situação já elencada, infelizmente medidas duras serão adotadas.
O processo de renovação não ficou paralisada nos últimos dois anos, mas acredito ser primordial aproveitar os promissores na Série A, arriscar um pouco mais, do contrário como ter um plantel respeitável se não atuarem, além de, em pouco tempo, a CA-CBF ficar na mira dos jornalistas por aproveitamento sempre dos mesmos, o que, sem dúvida, é um trabalho que deve continuar a ser feito nos estados, pois a entrada para a RENAF se dá pelas Federações.
A CA-CBF já esta com todos os dados dos árbitros para a reunião mencionada acima, bem como, no final do mês de agosto realizaremos um treinamento com acompanhamento do RAP-FIFA para os árbitros de elite, aspirantes, promissores e outros escolhidos pela CA e ENAF.
SC- É bom deixar registrado que, uma nova fase da arbitragem será aplicada e todos já foram informados, via Comissões Estaduais (Ofício Circular 028). Enfim, até agosto todos devem entrar em contato com a Dra. Marta Magalhães para realização dos testes mencionados e durante alguns dias serão avaliados com provas físicas e teóricas de forma oral, aplicação de trívias em inglês, espanhol e português. Para 2015, todos os FIFA e ASPIRANTES realizarão a prova física Categoria 1 e, em 2016, toda RENAF será avaliada nestes índices.
Na reunião da CA, com os integrantes da ENAF, todos os dados (físicos, técnicos, faixa etária, regularidade nas atuações e possibilidades de aproveitamento internacional, entre outros pilares: mental e social) estarão em discussão. Com todo investimento que vem sendo feito temos mecanismos para colocar a arbitragem num patamar ainda mais elevado.
Temos as informações da evolução gradual da arbitragem brasileira e se compararmos com os do Mundial estamos bem próximos. Para se ter uma ideia, observando a média de faltas praticadas na Série A, desde 1988 estão no site para os interessados. Na década de 80/90 chegamos em uma temporada a uma média de 52 faltas por jogo. Pois bem, 26 anos depois tais números estão caindo de forma vertiginosa, o que significa e comprova a evolução dos árbitros. Em 2013, a média chegou a 34/35 faltas por jogo, sendo que no mundial, a média esta entre 25/26 faltas por jogo (média de pouco mais de 2 CA por jogo). A diferença é de 10, com uma média de 5 CA por jogo.
Podemos reduzir ainda mais as faltas e os cartões, basta aproveitarmos melhor os árbitros que não ficam parando o jogo por qualquer contato e estes dados também temos e vamos utilizar. Árbitros a moda antiga são poucos e devem se enquadrar.
Podemos reduzir ainda mais as faltas e os cartões, basta aproveitarmos melhor os árbitros que não ficam parando o jogo por qualquer contato e estes dados também temos e vamos utilizar. Árbitros a moda antiga são poucos e devem se enquadrar.
Intensão da C.A.CBF é reduzir faltas e cartões |
Estamos implantando a Ficha Individual do Árbitro, inserindo todos os seus dados para que não fique na memória das pessoas, mas documentado, pois assim, escolheremos sempre aqueles que estão empenhados na filosofia moderna da arbitragem.
Para que tenham uma ideia, alongamentos, recuperação depois de um esforço físico são aspectos que mudaram, mas muitos ainda insistem em usar métodos antigos. Tudo mudou (se para melhor ou pior é entendimento que devemos respeitar, mas a ciência esta ai para comprovar o que estamos dizendo).
Todos sabem como o futebol está cada vez mais veloz e não se pode ficar pensando nos tempos em que um grande craque dominava a bola e tinha tempo de pensar para fazer um lançamento de 40/50 metros.... Hoje, dominou, os espaços são encurtados, portanto, precisamos de árbitros dinâmicos, velozes e com grande capacidade de controle do jogo. Ficar lembrando do passado é bom e salutar para ver o quanto avançamos, mas temos que agir e preparar a arbitragem para o futuro que não espera sonhadores, mas sim, trabalhadores. Imaginem se, em 2008, não tivéssemos feito a renovação da arbitragem brasileira... Não teríamos representantes em várias competições, ai sim, poderiam cobrar.
NM- Diante mão, acho uma ideia muito legal. Vejo sempre os árbitros falando em trabalho em equipe, que é fundamental e tal. Excelente inovação.
Marco Polo Del Nero e José Mª Marin |
Espero ter ajudado aos árbitros a entender como este plano de trabalho da C.A.CBF será implantado na prática.
Desde já agradecemos mais uma vez a atenção do Presidente Sérgio Corrêa em esclarecer e responder as nossas perguntas. Obrigado pelo carinho e respeito.
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