- Eduardo Baptista comanda o Sport há 18 meses
Eduardo Baptista, 45, assumiu o Sport no fim de janeiro do ano passado. Tem identidade com o clube, no qual vinha trabalhando como preparador físico. Filho de Nelsinho Baptista, que venceu a Copa do Brasil com o clube em 2008, é o treinador da Série A que está há mais tempo no cargo, 18 meses. O time, que já liderou o atual Campeonato Brasileiro, está na quarta posição, dois pontos atrás do líder Atlético-MG.
Apesar de novato na profissão de técnico, a mesma do pai, é um veterano no futebol. "Desde que eu comecei a andar eu estou dentro de vestiário de futebol. Sou filho de ex-jogador, vivo nesse meio 24 horas", diz ele, que tentou ser jogador, mas não vingou.
Eduardo fez parte do grupo do Juventus que disputou a final da Copa São Paulo de 1990. O time perdeu a final para o Flamengo, que naquele ano revelaria jogadores como Djalminha e Marcelinho Carioca. "Passei brevemente no profissional, mas aí meu pai, experiente no meio, falou: 'vai estudar. Se você quer trabalhar no futebol, vai fazer faculdade'", diz ele, sem qualquer constrangimento.
Sobre a sua qualidade técnica, ele é sincero: "tinha zagueiros bons (no Juventus). E eu não conseguia jogar. Eu era um zagueiro meio malvado. Meio maldoso. Eu não perdia a viagem (risos)".
Na faculdade, optou por Educação Física, com pós-graduação e mestrado. "Eu rodei bastante. Trabalhei muito tempo na Portuguesa, nas categorias de base, na preparação física. No Santo André, em Campinas, rodei bastante o interior de São Paulo antes de trabalhar com o meu pai. Depois eu fui para organizar a base do Goiás. Fui para ser o fisiologista da base e organizar algumas avaliações. Quando meu pai foi para o Flamengo (em 2003), ele me levou como preparador físico. Trabalhamos quase dez anos juntos", diz.
Ele trabalhou com o pai até 2011, quando ambos estavam no Kashima Reysol. Decidiu voltar para o Brasil com a família depois do terremoto seguido de tsunami que atingiu o país naquele ano. O pai, porém, seguiu no comando do time japonês.
Nelsinho conta que não ambicionava que o filho se transformasse em treinador. "Isso aí começou a surgir depois que nós nos separamos. Ele começou a trabalhar como preparador físico com outros treinadores e começamos a trocar uma ideia de ele pensar em uma carreira de treinador. Aconteceu muito rápido. O Sport ofereceu a ele o cargo interinamente e ele foi ganhando. Conquistou títulos e acabou ficando", diz o pai.
Eduardo diz que do pai herdou "a maneira de tratar as pessoas, o respeito, critério, responsabilidade e comprometimento". "Eu trabalhei com ele 9 anos e essas foram as principais heranças que ele me deixou. Vivi com ele e participei de todas as decisões, nos momentos bons e nos momentos difíceis. Foi a minha grande faculdade".
Por trabalhar no clube em que o pai foi campeão, as comparações não tardaram. "Não tem como não comparar. Mas eu sempre me dei bem com isso. Nunca quis, nem quero tomar o lugar dele aqui. Ser filho do Nelsinho para mim é uma honra, mas com o meu trabalho, o Eduardo vai crescendo sem apagar o Nelsinho. Não faço questão nenhuma de desvincular uma coisa da outra. A ligação com meu pai é muito forte".
Durante este Brasileirão, Eduardo chegou a ser cogitado para trabalhar no Grêmio. Ele diz foi apenas especulação de empresários. "Eu pretendo acabar com o projeto aqui. A missão que eu tenho é de fazer o meu projeto, que é bom. Tenho uma responsabilidade dentro do clube. Então, eu não posso largar tudo no caminho por causa de proposta financeira. Futebol é resultado, mas o Sport é um clube diferente. Eu não saio do Sport até dezembro", afirma.
O pai diz que o clube de hoje tem mais base do que aquele que dirigiu em 2008, que venceu a Copa do Brasil. "Muito melhor hoje, com muito mais base. Tudo é um trabalho daquela época, quando foi adquirido o Centro de Treinamento. O Sport está dando condições de trabalho para os atletas, se preocupando em lapidar seus jogadores de base. E está atingindo os resultados. Hoje, o que aconteceu não é surpresa", diz Nelsinho.
NM com esportesuol.com.br
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