Ricardo Teixeira está fora da CBF desde 2012 (Foto: Arquivo / Ag. O Globo)
Mesmo sem ser citado nominalmente, Ricardo Teixeira sabe que vem sendo investigado pelo FBI em meio às inúmeras denúncias divulgadas após o estouro do escândalo na Fifa, no fim de maio. O ex-presidente da CBF admitiu, em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", publicada neste domingo, que seria o co-conspirador que aparece na investigação de um contrato da entidade máxima do futebol brasileiro com sua fornecedora de material esportivo, assinado em 1996.
- Se envolve o contrato da Nike, quem assinou o contrato da Nike fui eu. Então não adianta ficar tapando o sol com a peneira - disse, negando ter se beneficiado com propinas, citando também a investigação do FBI sobre o pagamento de subornos na negociação pela venda de direitos de transmissão da Copa América. - Não há a mínima lógica. Todo esse processo aconteceu depois de junho, tanto que a Copa América da Argentina se realizou maravilhosamente bem. O problema surgiu depois da Copa América da Argentina em 2011.
A investigação da Justiça norte-americana aponta que a fabricante de materiais esportivos pagou à CBF US$ 30 milhões além dos US$ 160 milhões previstos em contrato, alegando "despesas de marketing". Este valor teria sido depositado em uma conta na Suíça, em nome da Traffic.
O cartola preferiu não falar sobre a investigação norte-americana que resultou na prisão de sete dirigentes do alto escalão da Fifa, incluindo seu sucessor na presidência da CBF, José Maria Marín. Também se esquivou de perguntas sobre Joseph Blatter e sobre o futebol brasileiro, embora tenha dito que "acha que contrataria" Dunga novamente depois do trabalho encerrado em 2010.
- Eu não acho nada. Eu estou preocupado com o meu Flamengo. Se Deus quiser, passar incólume pelo campeonato nacional - afirmou.
Teixeira se defendeu das acusações de sonegação fiscal na venda de uma cobertura na praia da Barra da Tijuca, na zona oesta do Rio de Janeiro. O imóvel foi negociado por R$ 2,5 milhões, embora tenha sido avaliado em R$ 5,7 milhões pela prefeitura, antes da Receita Federal concluir um processo de fiscalização contra ele, em abril de 2014. Ricardo disse que teve pressa na venda porque precisava do dinheiro para fazer uma cirurgia e fez dois anúncios antes, a partir de junho de 2013: primeiro por R$ 4,3 milhões, depois por R$ 3,8 milhões.
Para se defender, o ex-cartola citou o leilão de um imóvel vizinho que teve lance inicial de R$ 3,17 milhões e nenhum candidato a comprador. Multado pelo fisco, disse que preferiu pagar um valor que "não foi acima de R$ 1 milhão" não por reconhecer uma irregularidade, mas porque "foram erros cometidos" e ele estava morando na Flórida, na época.
Fora da CBF desde 2012, após 23 anos no comando do futebol brasileiro, Ricardo Teixeira garantiu que não se arrepende de ter deixado a presidência da entidade.
- Não, de jeito nenhum. Eu ia morrer. Como eu poderia estar lá sem meus dois rins funcionando? Pergunte a alguém como é a vida de um cara que está com um rim em falência. Você não tem a mínima condição de trabalhar. Você é obrigado a três vezes por semana, na melhor das hipóteses, a deitar numa cama e ficar parado por cinco horas refazendo todo o seu sangue. E segundo, você sabe melhor do que ninguém, vocês podem fazer as críticas que quiserem a mim, mas, sem brincadeira, eu fui "o" ganhador da seleção brasileira. Não dá para esconder isso. Por quê? Porque eu estava presente. Isso tudo iria acabar - concluiu.
NM com globoesporte.com
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