Chave que Eduardo Paes deu para Kitty Chiller, chefe da delegação australiana (Foto: Tiago Leme)
A chave da Vila Olímpica está nas mãos da Austrália. Depois de duras críticas no domingo sobre a condição dos apartamentos “inabitáveis”, o prefeito Eduardo Paes entregou o símbolo da residência oficial dos atletas à chefe de missão do país na Olimpíada, Kitty Chiller. A cerimônia contou com a participação de parte dos 50 atletas australianos que já estão morando no prédio do país e selou o entendimento entre a Austrália, o prefeito do Rio de Janeiro e o Comitê Organizador dos Jogos. Chiller presenteou Paes com um canguru de pelúcia e uma camisa do time australiano. Em troca, ela recebeu do prefeito o mascote Vinicius e desculpas formais pela polêmica declaração de domingo.
- Meu segundo time na Olimpíada agora vai ser a Austrália. Vai ser fácil, porque a camisa é amarela também. Esta é uma cerimônia diplomática. Estive com os australianos e vi que a situação não estava boa, reconheci isso. Vim aqui para uma desculpa formal. Sei que o canguru é um símbolo do país e sei que não era momento de fazer brincadeira. Eu sabia que vocês se sentiriam em casa com um canguru aqui, mas as pessoas disseram que isso não era uma coisa educada de se dizer. Acabou causando um problema. Estou feliz por entregar a chave da Vila para a Austrália. Essa vai ser a única delegação que vai receber a chave da Vila. O Rio está aberto à Austrália. Tomara que ganhe muitas medalhas - disse Eduardo Paes.
Eduardo Paes e australianos trocam presentes em cerimônia na Vila Olímpica (Foto: Tiago Leme)
- Quero agradecer, sei que você está muito ocupado nesses dias. Sabemos que o Rio de Janeiro é uma cidade muito bonita. Com pessoas incríveis. Sabemos que houve muitos desafios na última semana e muito esforço das pessoas para resolver tudo - disse Kitty, que completou em português - Muito obrigada, estamos muito felizes.
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As polêmicas envolvendo o comitê australiano começaram neste domingo, quando a delegação se recusou a ocupar a Vila Olímpica alegando falhas estruturais no prédio destinado ao país, chamado de "inabitável". Segundo os responsáveis pela equipe, foram encontrados problemas nos sistemas de encanamento, gás e eletricidade. O clima ficou ainda mais desconfortável depois que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, tentou minimizar os problemas e disse que a Vila Olímpica da cidade está mais bonita que a de Sydney. O político ainda afirmou em tom de descontraído que colocaria cangurus para ajudar a fazer os australianos a se sentirem "em casa".
Eduardo Paes entregando a chave a Kitty Chiller (Foto: Tiago Leme)
A resposta veio pelo diretor de comunicação, Tancred, que afirmou que precisavam não de cangurus, mas de encanadores para resolver os "lagos" encontrados no prédio. O Rio 2016 admitiu as falhas e acionou uma força-tarefa de 600 homens para trabalhar 24 horas em reparos. A preocupação dos Australianos era com segurança, temendo a combinação perigosa entre energia e água de vazamentos. Paes afirmou que os australianos estarão seguros tanto na Vila como em toda a cidade.
- Óbvio que os australianos estarão seguros no Rio. O Rio é uma cidade maravilhosa, acolhedora. Vocês serão muito bem recebidos e vão gostar muito da cidade - disse o prefeito
Os avanços desde domingo agradaram os australianos, que entraram na Vila com seus atletas pela primeira vez na noite de terça-feira, um dia antes do que previa inicialmente. Hoje, não há atletas do país em hotéis do Rio. Todos que chegaram à cidade estão na Vila.
- Chegamos ontem à noite na Vila e encontramos tudo ótimo. Claro que quando recebemos a notícia de que não estava tudo pronto, ficamos um pouco preocupados, mas não foi um grande problema - disse Glenn Turner, atleta do hóquei sobre grama.
A delegação da Austrália foi a única até o momento que se recusou a entrar na Vila. No entanto, outros países também reclamaram das condições. Segundo a própria chefe da delegação australiana, também tiveram problemas as delegações do Brasil, Grã-Bretanha, Nova Zelândia, Japão, Bélgica, Holanda e Alemanha.
Segundo o jornal "La Gazzetta dello Sport", os italianos também tiveram problemas e contrataram operários próprios para fazerem os ajustes. O comitê argentino foi outro que criticou a residência oficial dos atletas.
* Participaram da cobertura Felippe Costa, Marcos Guerra, Richard Souza, Tiago Leme e Thierry Gozzer.
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