Bradley Snyder era um adolescente de 17 anos. Elizabeth Marks, uma menina de apenas 11. Em 2001, eles ainda não sabiam, mas também teriam suas vidas marcadas e transformadas depois daquele 11 de setembro. A data histórica do ataque às torres gêmeas World Trade Center acabou os levando para áreas de combate anos mais tarde. Em situações distintas, os dois foram atingidos, tornarem-se pessoas com deficiência e encontraram no esporte paralímpico uma maneira de recomeçar.
Descrição da imagem: Snyder celebra ouro nos 400m com brasileiro Matheus Rheine (Foto: Buda Mendes/Getty Images)
O 11 de setembro de 2016 de Snyder e Marks, que no dia anterior subiram no alto no pódio, será dentro das piscinas, treinando para suas próximas provas nos Jogos Paralímpicos do Rio. Mesmo distantes de áreas de conflitos e felizes com o momento especial que vivem no Brasil, os dois nadadores vão relembrar e refletir sobre o significado do atentando terrorista que marcou indiretamente suas vidas e deixou quase 3 mil mortos.
- É um dia para se lembrar... Lembrar o quanto a vida é frágil e, que mesmo que você que queria fazer todos felizes, você tem que se lembrar do fato de que há perigos lá fora. E pessoas que são vítimas, vítimas inocentes de coisas muito ruins – disse Snyder, depois de vencer os 400m livre S11 na noite de sábado.
Elizabeth lembrou que o 11 de setembro é o motivo principal para esta semana defender os Estados Unidos dentro das piscinas. Mesmo sem disputar nenhuma prova neste domingo, a nadadora sabe que será especial ouvir o hino ser tocado no Estádio Aquático dos Jogos do Rio na data emblemática.
- Definitivamente, é um dia para reflexão. É um dia que me traz à memória a razão para eu estar aqui hoje, nadando. Todos meus irmãos das forças armadas americanas, que foram tão envolvidos nos complexos acontecimentos daquele dia. Foi um dia absolutamente trágico. Eu não vou competir neste domingo, mas espero muito que um de nossos nadadores possam conquistar um ouro para que possamos ouvir nosso hino – comentou.
SNYDER FICOU CEGO APÓS EXPLOSÃO NO AFEGANISTÃO
Descrição da imagem: Bradley Snyder sentado no chão em uma área de conflito no Afeganistão (Foto: Arquivo Pessoal/BradSnyderUSA.com )
Um dos astros natação paraolímpica americana, Snyder era um soldado da Marinha em 2011, em missão no Afeganistão. Especialista em desarmar bombas, no dia 7 de setembro daquele ano acabou pisando em um dispositivo improvisado, que explodiu. A bomba não afetou seus braços ou pernas, mas acabou tirando sua visão. Seus olhos precisaram ser removidos e substituídos por próteses.
Oito meses depois, Snyder passou a se dedicar ao esporte paralímpico. No dia 7 de setembro de 2012, exatamente um ano depois, o americano já estava subindo ao pódio nos Jogos de Londres. Conquista que se repetiu neste sábado, nos 400m livre S11. A incrível história do americano foi contada no livro “Fogo em meus olhos” e, em breve, vai virar filme.
- Em Londres foi diferente, porque tinha só um ano que eu estava cego. Tudo era muito novo. Mas agora estou cego há cinco anos. Estou mais acostumado com tudo. Tive muito mais tempo para entender o mundo da maneira que entendo hoje. Posso olhar para as coisas de uma maneira diferente - explicou.
ELIZABETH SOFREU LESÕES NO QUADRIL E NAS PERNAS NO IRAQUE
Com apenas 17 anos, Elizabeth Marks, que estudou em colégio militar, se alistou no exército. Um ano depois, em 2009, foi convocada para a Guerra do Iraque. Sua missão na equipe de enfermagem foi interrompida cedo, em 2010, depois de um acidente na qual a americana nunca quis revelar os detalhes. O que se sabe é que ela sofreu sérias lesões no quadril e isto deixou sequelas no movimento de suas pernas.
Descrição da imagem: Elizabeth Marks posa com a medalha de ouro entre as rivais (Foto: REUTERS)
Depois de passar por três cirurgias, a americana ainda tentou voltar a trabalhar em áreas de combate, mas não foi considerada apta para a missão. Foi no esporte paralímpico que Elizabeth encontrou uma forma de continuar servindo ao seu país. Hoje ela faz parte da equipe de natação do exército americano.
- Eu servi no Iraque e, estar servindo hoje como atleta, é algo louco. Eu não fui atleta quando mais nova e virei depois de adulta. É muito divertido. É bem diferente o tipo de serviço, mas esse é uniforme que visto hoje, e sou muito orgulhosa representar meu país nele - afirmou a nadadora, depois de receber a medalha de ouro pela vitória nos 100m peito SB7.
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