A paralisação das atividades por conta da pandemia do novo coronavírus tem criado problemas financeiros em todas as equipes de futebol. Com os clubes de Alagoas não é diferente. Parte da receita anual dos times vem da contribuição dos sócios-torcedores. Mas com o futebol parado e sem previsão de volta, muitos contribuintes deixaram de pagar seus planos.
Em seu blog no Globoesporte.com, PVC afirmou que as equipes que disputarão a Série A do Brasileiro neste ano já contabilizam cerca de 30% de redução de sócios desde o início da paralisação das atividades.
Aqui, a porcentagem é ainda maior. Como a maioria dos planos consiste na fidelização que, automaticamente, garante a entrada do torcedor em partidas do clube, os amantes do esporte deixaram de pagar, pois alegam que não há jogos para que possam ir ao estádio. Além disso, muitos perderam empregos ou tiveram salário reduzido em meio à pandemia.
O presidente do CSA, Rafael Tenório, à TV Gazeta, afirmou que a arrecadação do clube pelo sócio-torcedor caiu cerca de 80% só no mês de abril. Atualmente, no site oficial, a equipe maruja contabiliza pouco mais de 4.500 ativos. Esta marca chegou a atingir quase 10.000 quando o time disputava a 1ª Divisão do Brasileiro, no ano passado.
"Essa queda na arrecadação compromete toda a organização financeira, já que nós tínhamos isso [valor de sócio] como uma receita constante. Lógico que traz um prejuízo grande e nós já começamos a ter dificuldade em honrar com nossos compromissos".
Tenório ainda fez um apelo aos torcedores, destacando a recém mudança do Azulão para o Nelsão, e pedindo para que a 'massa' azulina continue contribuindo. "Se tiver condições, continue ajudando o clube, pagando sua mensalidade, porque, mesmo sem futebol, o CSA tem despesas muito grandes. Nós precisamos da torcida. É uma torcida fiel, que em todos os momentos esteve com o clube, então, não será agora que vai virar as costas", concluiu o mandatário do CSA.
O Azulão tem dez tipos de planos. O mais barato custa R$ 10 e dá descontos em lojas parceiras, mas não garante acesso aos jogos. O mais caro é o Marujo Ouro, atualmente no valor de R$ 140, e dá o privilégio de acompanhar as partidas das cadeiras especiais.
Já no Galo, o diretor de marketing Thales Henrique confirmou que as perdas também foram grandes. Apesar de não chegar a uma baixa como a do rival, ele disse que a diminuição já está sendo sentida.
"Desde o início da pandemia, o clube perdeu cerca de 50% dos sócios adimplentes e isso impacta muito na nossa arrecadação anual. A gente vive um momento de muitas incertezas... Não sabemos quando o campeonato deve voltar, então, o programa de sócio torcedor é importante para fazer a manutenção da nossa estrutura", disse ele, à TV Gazeta.
O CRB, assim como o CSA, tem planos de todos os tipos. Os mais baratos (R$ 15) não dão acesso livre aos jogos, como o plano Diamante (R$ 110), mas, segundo Thales, o que importa mesmo nesta hora é ajudar.
"O que a gente vem pedindo ao sócio-torcedor é que, aquele que não tem condições de manter o plano atual, reduza para outro. A gente tem um plano que custa R$ 15 mensais. É um valor simbólico, mas vai estar contribuindo".
No ASA a situação também é parecida. Apesar de não divulgar números exatos, o coordenador do programa de sócio-torcedor do Fantasma, Jorge Adriano, falou que já percebeu diminuição na arrecadação, mas entende o movimento como normal, devido às condições atuais.
"É natural que haja uma baixa em função da não atividade do clube também da pandemia. Temos, atualmente, um número muito abaixo do que tínhamos antes", disse, à Gazeta de Alagoas.
A equipe alvinegra foi a primeira do Estado a suspender contratos dos jogadores e comissão técnica, mas mantém o quadro de funcionários. Eles estão agora mobilizados na manutenção de sócios-torcedores para não comprometer a arrecadação do time. O menor valor do plano de sócios é R$ 10 e o maior é R$ 100, mas garante vaga no estacionamento do Estádio Coaracy da Mata e a possibilidade de levar mais dois acompanhantes por jogo.
"Temos um projeto de resgate de sócio-torcedor, mas agora não há atividade. A única coisa que estamos fazendo é ligando para cada um e conscientizando sobre a necessidade de manter o ASA vivo, mesmo nesse processo de pandemia, até porque os gastos [da equipe] se mantêm".
Os times ainda não sabem exatamente quanto essa diminuição do número de sócios-torcedores está custando em reais, mas já estão certos de que a receita anual de 2020 deverá ser menor que a do ano passado.
NM co Débora Rodrigues - Fotos: Ailton Cruz
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