O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou e puniu, nesta sexta-feira (24), o Brusque e o presidente do seu Conselho Deliberativo, Júlio Antônio Petermann, por discriminação racial contra o atleta Celsinho, do Londrina.
A pena para o clube foi uma multa de R$ 60 mil e a perda de três pontos na classificação da Série B do Campeonato Brasileiro, enquanto o dirigente foi suspenso por 360 dias e multado em R$ 30 mil. Cabe recurso à decisão.
Após a partida entre Brusque e Londrina, pela 21ª rodada da Série B e que aconteceu no dia 28 de agosto, o árbitro registrou em súmula as palavras ouvidas pelo meia Celsinho nos minutos finais do primeiro tempo: “Vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha”. E Júlio Antônio Petermann foi identificado como o infrator.
Assim, em 10 de setembro o Londrina ingressou com uma Notícia de Infração juntando o documento do jogo, o Boletim de Ocorrência registrado pelo atleta, um vídeo do segundo tempo da partida em que afirma ser possível ouvir alguém gritar “macaco” e matérias jornalísticas veiculadas sobre o caso.
A Procuradoria então enquadrou o Brusque e Júlio Antônio Petermann no artigo 243-G do CBJD, por “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. Além disso, por não fiscalizar o comportamento dos seus integrantes, o clube foi responsabilizado por violar o item três da Diretriz Técnica Operacional de Retorno das Competições da CBF e foi denunciado também por infração ao artigo 191, II, III do CBJD.
Durante a sessão realizada, de forma virtual, nesta sexta, Petermann admitiu que ofendeu o atleta: “Na realidade, o que aconteceu é que eles estavam entre o banco e o alambrado se aquecendo e ali e estavam xingando o Brusque. Teve uma hora em que me irritei e realmente proferi 'cachopa de abelha vai jogar bola'. Isso foi um momento inadequado, onde o jogo estava quente, o pessoal xingando a gente. Queria aproveitar e pedir desculpas, se eu realmente o ofendi, e a todo o pessoal que eu possa ter ofendido”.
Já Celsinho afirmou que levará o caso até o final: “É pesado e constrangedor ter que dar satisfação ao meu filho mais velho, de 14 anos, que entende mais, que as pessoas ainda usam esse tipo de crime. O maior peso, onde realmente me machucou emocionalmente, foi pelo lado familiar, ver minha esposa chorando, meu filho chorando, meu filho mais novo sem entender e eu tendo que explicar que ele não tem que aceitar isso. É por isso que eu vou até o final nesses casos, justamente por isso, por mexer com meu lado familiar”.
Com a perda dos três pontos, o Brusque, que tinha 29 na classificação da Série B, fica com 26.
NM com Agência Brasil
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