O projeto da Fifa de realizar a Copa do Mundo feminina a cada dois anos, e não mais quatro como atualmente, pode impactar nos Jogos Olímpicos. No estudo que a federação internacional apresentou no início da semana a seus filiados há a sugestão de que caso o Mundial entre as mulheres se transforme em bienal seja criado um limite de idade para participação das jogadoras na Olimpíada, provavelmente sub-23, como já ocorre entre os homens.
A Copa feminina e a Olimpíada não coincidiriam, já que a primeira seria realizada nos anos ímpares (em julho), enquanto os Jogos ocorrem nos pares, mas a Fifa vê preocupação porque a proposta é que as Copas continentais, como a Euro e a Copa América, ocorram também a cada dois anos, nos pares, aí, sim, coincidindo com a Olimpíada.
"Devido ao aumento dos torneios finais continentais que seriam realizados a cada dois anos é sugerido que se discuta a idade para o futebol feminino nas Olimpíadas. Uma proposta que poderia ser analisada é que se torne sub-23, como no masculino, o que ajudaria no desenvolvimento das jogadoras", escreve o grupo de estudo criado pela Fifa no relatório apresentado. Segundo o texto, houve aumento da média de idade das atletas que disputam as Copas do Mundo. Em 2011, na Alemanha, 42% das jogadoras eram sub-23, número que caiu para 32% em 2015, no Canadá, e 23% em 2019, na França. A conclusão do relatório é que jogadoras mais jovens já têm mais dificuldade em conseguir espaço nas seleções dos seu países.
DATAS-FIFA
No projeto de mudança do calendário feminino, a Fifa também pretende mexer nas datas-Fifa, as janelas em que os clubes são obrigados a liberar as atletas para as seleções nacionais. O formato atual tem seis meses de janela —fevereiro, abril, junho, setembro, outubro e novembro—, com três diferentes modelos que dependem do tipo de jogo que cada seleção fará (se amistosos ou oficiais):
Tipo 1 - 2 jogos - 9 dias de liberação das jogadoras
Tipo 2 - 3 jogos - 10 dias de liberação das jogadoras
Tipo 3 - 4 jogos - 13 dias de liberação das jogadoras A avaliação é que esse formato sobrecarrega as jogadoras, que têm em média menos de três dias de descanso em alguns dos modelos.
A avaliação é que esse formato sobrecarrega as jogadoras, que têm em média menos de três dias de descanso em alguns dos modelos. Como no masculino, a Fifa propõe criar meses com janelas maiores para os jogos de seleções:
PROPOSTA A (janelas de dois meses)
março - 7 jogos - 29 dias de liberação das jogadoras
outubro - 7 jogos - 29 dias de liberação das jogadoras
PROPOSTA B (janelas de cinco meses)
fevereiro - 3 jogos - 13 dias de liberação das jogadoras
abril - 3 jogos - 13 dias de liberação das jogadoras
junho - 3 jogos - 13 dias de liberação das jogadoras
setembro/outubro - 3 jogos - 13 dias de liberação das jogadoras
novembro - 3 jogos - 13 dias de liberação das jogadoras.
Como entre os homens, houve reclamação de treinadores(as) das mulheres de que a primeira opção faria com que o contato com as atletas demorasse a acontecer, de outubro a março, apesar de serem praticamente dois meses inteiros com as jogadoras à disposição das seleções.
A Fifa não descarta levar adiante a mudança no calendário feminino mesmo se a proposta do masculino, que tem rejeição da Europa e da América do Sul, fracassar. O presidente da federação internacional, Gianni Infantino, disse que as alterações poderiam ser feitas em momentos distintos. O calendário feminino atual acaba em 2023, enquanto o masculino encerra em 2024.
NM com Marcel Rizzo
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