As repercussões dos casos de manipulação de resultados no futebol brasileiro começam a respingar em Alagoas com o passar do tempo. Um dia após Auremir, do CRB, ter o nome vinculado a um apostador, foi a vez de o presidente da Federação Alagoana de Futebol (FAF), Felipe Feijó, trazer em pauta a situação que pode ter acontecido na Copa Alagoas 2023.
O presidente afirmou que há uma suspeita de algumas partidas da competição tiveram algum tipo de interferência, relacionadas as apostas esportivas. Em entrevista na noite desta quinta-feira (11), ao Timaço da Gazeta 94,1 FM, Felipe Feijó, revelou que são oito jogos que estão sendo investigados, mas que não podem ser revelados, por enquanto, pois estão em sigilo, para evitar suspeição.
"Na verdade, obviamente, o momento não é bom para o futebol. Você ter um jogo que é tão legal, tão apaixonante por causa da imprevisibilidade e, a partir do momento que estoura um movimento em nível nacional, onde a imprevisibilidade dos jogos estava se tornando imprevisibilidade para alguns, e não para todos, porque os resultados passam a ser previsíveis. Isso é complicado", disse o dirigente.
Apesar do momento de crise dentro do futebol brasileiro, Feijó mostrou-se otimista e aguarda que as providências cabíveis sejam tomadas.
"Viver um momento como este não é bom para ninguém, mas, mais importante do que isso é que as pessoas tomem as providências que precisam ser tomadas. Infelizmente a gente precisa passar por certas coisas na vida. Talvez seja melhor sangrar agora, vai doer, mas o que a gente não pode é deixar isso se tornar uma coisa normal. Cada um tem que fazer a sua parte. O que não pode é as pessoas deixarem de ir ao futebol porque não acreditam mais nos resultados", afirmou.
Já faz um certo tempo que a FAF contratou uma empresa para fiscalizar esse tipo de situação e já em fevereiro deste ano poderem ser tomadas as providências, evitar que isso acontecesse, com uma investigação já em andamento. Sobre essa questão Feijó disse: "De ontem para hoje foi tomada uma proporção muito grande sobre esse assunto [manipulação], por conta do cenário nacional. Mas a gente vem monitorando essa situação tem mais de cinco anos, quando a gente contratou essa empresa, Sport Radar, para fazer esse monitoramento".
Os próximos passos, segundo o presidente, serão de aguardar o andamento das investigações. Não há um prazo estipulado, mas, aos poucos novas informações devem surgir.
"É acompanhar e contribuir com o que for preciso de informações, com os órgãos competentes. Esse é o próximo passo agora e continuar trabalhando, fazer um trabalho preventivo, que a ideia nossa é essa, para evitar que chegue nesse ponto de apurar e punir. Essa é a ideia", pontuou.
O presidente da FAF disse que obviamente nada será feito na leviandade, para não levantar suspeição sobre qualquer um, sobre qualquer equipe ou atleta porque a gente vê que tem um linchamento virtual muito grande de várias pessoas que podem ter ou não participação, de vários envolvidos. Então a gente tem que ter cuidado. Não pode fazer esse linchamento, esse pre-julgamento de todo mundo, porque a gente coloca em xeque a integridade da pessoa".
COPA ALAGOAS
Ele destacou que a FAF viu a Copa Alagoas, que é uma competição que surgiu na visão de Feijó, como um produto pontual que está ajudando muito todos os clubes da segunda divisão e os clubes menores. Inclusive, o jornalista Henrique Pereira, do Timaço da Gazeta, relembrou partidas que terminaram por W.O, e o Jaciobá, eliminado por não ter um elenco montado até a data estipulada.
Apesar de não revelar quais jogos estão sob investigação, Henrique Pereira citou que houve algumas suspeitas entre os próprios torcedores. Duas partidas da Copa terminaram com o placar exorbitante de 7 a 0. Além disso, o duelo entre Desportivo Aliança e Miguelense foi vencido pela Arara pelo placar inusitado de 7 a 3.
O problema de alguns clubes e a suspeita de manipulação, levará a FAF a repensar e discutir a continuidade do torneio para a próxima temporada.
"A gente vai discutir. A gente tem outras discussões para fazer a respeito do calendário do próximo ano. E isso aí vai marcar a Copa Alagoas, Primeira e Segunda Divisões. Porque tem uma discussão grande da segunda divisão. Posso subir uma equipe e aí eu acho que a gente tem um cenário claro que a gente não tem possibilidade de ter 10 equipes [na elite]. Acho que não seria saudável nesse momento por conta de questão de calendário".
Com este caso de manipulação, Felipe Feijó disse que é preciso repensar o modelo da competição. "A gente precisa repensar isso. É óbvio que para mim, acho que a competição é importante e acho que tem um valor, até porque a gente viu uma final muito legal. Viu o quanto significou para aqueles que foram campeões da competição. Mas independente dessa questão de manipulação, pensando na competição em si em aumentar nível de competitividade, tentar gerar recursos que ela não gera ainda".
NM com Gazetaweb
Foto: Jailson Colácio e Erivan Batista
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