Foto: Arquivo / ViPCOMM |
- Estou me aposentando de vez. Desde o início da temporada, não joguei, agora veio essa parada e achei melhor parar. Estou há quase um ano sem jogar profissionalmente...
Perguntado qual o sentimento que fica, depois de uma carreira marcada pela passagem por grandes clubes do futebol brasileiro, ele respondeu:
- Gratidão. Realizei um sonho, saí cedo de casa, abri mão de muita coisa e deu certo. Então fica a gratidão a todos que me ajudaram porque sozinho eu não conseguiria ir em lugar nenhum.
Gratidão aos treinadores que me escalaram, esse é o meu sentimento maior.
Foto: Morais/Arquivo Pessoal |
Aos 13 anos, o menino já estava em São Januário para atuar no Vasco. Assim começou a carreira do alagoano.
Para ele, chegar ao futebol de alto nível não foi fácil. Morais conta qual o maior obstáculo que enfrentou enquanto esteve nas quatro linhas.
- Saí aqui de Maceió, sofri preconceito grande. Ao chegar no Rio de Janeiro, o pessoal chama logo de Paraíba, todo mundo é Paraíba. Mas com o passar do tempo você vai buscando o seu respeito. Mas isso é com muita luta, sustentação de Deus e ajuda de muita gente também.
Apesar do descrédito de alguns, o alagoano disse como conseguiu dar a volta por cima.
- É um preconceito que também me fortaleceu. Eu ouvi tudo aquilo como combustível. Muitos se abalaram com isso, mas eu não. Tudo depende da mentalidade. Pra mim, aquilo que eu escutava servia como motivação. Mas por outro lado, quero deixar registrado que também tive muito apoio de cariocas, paulistas... Enfim, não podemos generalizar a questão do preconceito.
Morais revelou também qual a maior decepção que enfrentou na carreira.
- Tem a política. Isso, até na base, você encontra muito. Tem empresários que, se você não assina uma procuração com eles, eles tentam te minar. Então, você entra no meio ou tem que voar. Rola muito interesse.
Muita gente que ganha dinheiro sem entrar em campo. É muita grana que rola. Nesses clubes grandes, é muito dinheiro.
Ao longo da carreira, Morais trabalhou com dezenas de técnicos. Perguntado qual foi o que mais marcou, o meia foi rápido na resposta.
Foto: Agência/AGÊNCIA O GLOBO |
Assim como o melhor treinador, o meia também escolheu o maior parceiro da bola.
- Foi o Wagner Diniz, lateral-direito, daqui de Alagoas também. Jogamos juntos no Vasco durante três anos.
Morais sabe que não é fácil chegar tão longe no futebol. Por isso, ele deixou um recado para a molecada que tem o objetivo de defender um grande clube.
Vá com tudo, não abra mão. Vá ciente que você vai ficar. Leve seu corpo e sua mente ao limite.
- Se não for assim, outro vai e te atropela. E chega uma hora que o caminho se afunila de forma incrível. Parece ser exagerado, mas não é. O ritmo de jogador é pesado, é de domingo a domingo.
Sobre o futuro, ele disse que ainda não tem planos a longo prazo.
- Eu estou meio à deriva. Eu quero agora é viver integralmente com minha família.
Carreira
Além de CRB e Vasco, Morais atuou por Athletico, Corinthians, Bahia, Atlético-MG, Criciúma, América-MG, São Bento, Botafogo-SP, Brasiliense e Confiança. Conquistou dois Brasileiros (sendo um da Série B), uma Copa do Brasil, além de campeonatos Paulista, Mineiro e Baiano.
NM com Denison Roma